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CRÔNICAS E POESIAS

Escrever sempre me cura.

Misturando doutoras palavras e suas inúmeras possibilidades de expressar um sentimento.

Fazendo um verso rimado, um soneto devastado, que, de tão arrastado, vira jazz.

Posso dizer a verdade com sutileza ou crueldade; disfarçando-a em versos e vaidade.

Ou contar mentiras, misturando português com ironia, num suco de ambiguidade.

Sirva-se!

Âncora 2
Dialeto do poeta
Dialeto do poeta
Âncora 1

Queria escrever um poema, e já está tudo na minha mente.
O dialeto do poeta confuso, do poeta apaixonado, do poeta ausente.

É tudo muito intenso, se encontram nas vertentes.
Todo poeta tem um vocabulário denso, desde o sisudo até o mais sorridente.

Sempre dá um jeito de dizer alguma coisa sem dizer tudo,
apenas com algumas palavras dispostas organizadamente.

 

quimeras, reluzente, afagos

conheceis, lentamente abraços,

infortúnios, libertinos, virtude, intocada, e alguns pleonasmos...

 

Belos, espadas, banhadas, nua, estrela, entregue, bicho, afogada, coração, intempéries...

 

No vão da madrugada, muitas palavras me apetecem

 

Deveras,genuíno, loucura,sorrindo, destinos, estrada...

 

Vale tudo para fantasiar os sentimentos, os fardo e fatos ocorridos

Fantasiar própria verdade (as vontades) para que seja entendido, sem precisar falar sobre a realidade literal de um mundo perdido

Mas vamos lá, vou fazer a poesia sorteando essa palavras que os poetas usam todos os dias:

 

Caminhando pela lua

Com meus infortúnios quimeras

As estrelas afogadas boiam nuas

Mas saciadas de afagos deveras...

 E aí se vai um poema...

 

No vão da madrugada as estrelas guiam os libertinos 

Reluzente destaca o mais belo dos sorrisos

Ouvi dizer que é longa a estrada

Mas já cruzamos a linha do destino

E minha loucura agora é compartilhada

Como espada entregue após uma batalha perdida

Mesmo perdida, segue intocada

Buscando os olhos que enxergam muito além da vida…

 

E por aí vai

Sorteando palavra por palavra 

Até no final não sobrar mais nada aí dentro do teu peito que não possa explicar

Talvez essa seja essa uma das missões da poesia:

arrancar angústia à revelia,
até o peito parar de sangrar.

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Eu nunca estive sozinha e sabia exatamente onde mais me sentia a vontade. Era um lugar como o espaço sideral mas com muita gravidade. A gravidade era tanta que muitas vezes eu caía numa queda livre de dor e poesia que nunca tinha fim. Mas depois de um tempo, eu tentava, subia, atravessava desertos, caía; e a despeito de me distrair com algumas flores, nunca mais consegui encontrar novamente o meu lugar.  

Depois de anos, sem cogitar a ideia de regresso, eu dormi e acordei com um brilho na minha janela, 3h da manhã de uma madrugada de inverno.

Era uma fadinha, verde e muito fluorescente, ela me dizia algo e eu não entendia, mas ao tentar pedir pra repetir minha voz não saía.

Ela tentou, tadinha, voou de um lado pro alto pra baixo pro outro. E nada de conseguir a comunicação.

Ela foi embora, eu voltei a dormir, mas com uma estranha sensação. Aquilo foi sonho? Eu senti até o cheiro? Aquilo foi alucinação! Uma liberdade do desejo: Libertação.

Anos se passam; e mais uma vez ao pedir um sinal recebi um convite de uma fada: “venga bailar la danza de las hadas y celebrar la felicidad de todas las cosas buenas que solo pueden venir del espíritu” 

Agora eis-me aqui me preparando para a dança da vida, ou das fadas.

Sirva-me mais um cale-se 

Pois tenho sede

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Sirva-me mais um cale-se 

Pois tenho sede

 

Eu me distanciei

E foi tão bom pra mim

O meu corpo em um rio afoguei

Mas a consciência voou feito um passarinho

Em alguns momentos pirei

Quebrei as taças depois do vinho

No outro dia eu recomecei

Cheia de flores pelo caminho

Tem dias que estou bem 

Tem dias que nem tanto

Tem dias que eu danço feliz

Tem dias que eu só curto o meu pranto

Tudo bem não estar bem o tempo inteiro

Não queria estragar o seu encanto

Mas na vida real é assim mesmo

Muitas vitórias

E chorando pelos cantos

Daqui a pouco chega um outro janeiro

Mais uma vez passou mais um ano reclamando

Não existe alegria no final

Satisfação precisa estar no caminho que vou caminhando

Equilibrando a razão com a emoção marginal  

Daquele corpo se afogando

Em outra dimensão ao despertar de um sono profundo

As Minhas máscaras estavam no chão e eu enxerguei o seu mundo

A insanidade me abraçava enquanto minha lucidez sorria

 

E quem me viu sentiu medo

Medo do que eu dizia, medo do próprio medo, medo da minha poesia

Uns acabaram aceitando

Outros construíram armadilhas

Para o meu corpo que seguia queimando

Queimava queimava e não ardia

 

Fica em paz,  querida

Não quero ser compreendida

Pois quem me entende

de certa forma

me escraviza

 

(Mas )tá tudo bem a  cruz dessa loucura está bem acomodada

Nos meus braços, dentro do meu peito e nas minhas costas sagradas

Tire a lucidez do meu caminho

Que eu quero passar com minha alucinação

Ru Não tô nem aí para os espinhos

Trago um sorriso bem louca no rosto e me

E o meu coração na mão

A infância não é apenas a fase inicial da vida,
Mas sim a vivência de uma caminhada toda,
Cujas próprias experiências nos acompanham em uma sociedade fluida,
Sendo vilã ou sendo mocinha, as nossas lembranças são de um barco, a proa.

E o mar segue sempre sendo o mesmo: aglomerados de complexas conexões,
Pessoais, interpessoais — dá no mesmo, o que importa são as interseções,
Familiares, afetivas, construtivas, destrutivas, as resolvidas, as profissionais,
A política, a cultura, as coletivas, as impactantes, as sociais.

É um mar absurdamente profundo, eu jamais terei dimensão;
Suas moléculas aparam as arestas de um ser que nada em um devir, na eterna construção.
É um ser inato, porém vivo,
Transformando-se em essência, afetivo — tem hora fere, tem hora sente,
Carregando em si a infância, deveras, sempre presente:
Nos mais emocionados, no coração; já nos mais devastados, na mente

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